Este título é sobre o TBR.









Olá, o meu nome é Ana Isabel.


Nos tempos de catraia, descobri o roupeiro da minha mãe. Transformou-se na minha very own candy shop, experimentava todas as blusas, saias, casacos, tropeçava em casa com os sapatos altos e sentia-me uma princesa em vestes senhoriais. A minha mãe alimentava a minha propensão ladylike com vestidinhos e sapatinhos e coisinhas girissimas. Aposto que constava do top 10 de clientes da Cenoura.


Isto mudou na adolescência. Descobri o roupeiro da minha irmã. A Bárbara tocava guitarra, ouvia Metallica, Nirvana, entre outras bandas à séria, e como viajava muito na altura (França e Alemanha, principalmente) o visual dela era adequado ao género, mas requintado. Aos meus olhos, era a melhor coisa de sempre. Lembro-me perfeitamente de a ver com um óptimo ar, a usar leggings às flores, Doc Martens e um biker jacket, com o cabedal já meio desgastado... isto há 15 anos atrás (podia ter sido ontem, eu sei). 


O quarto da mana tinha uma guitarra, mil cd's, umas botas pretas de atacadores que eu adorava, uma aparelhagem, uma cama e, nas paredes brancas, um poster do Tom Cruise (do Top Gun, salvo erro), claro está que depressa se tornou o meu templo.
Quando tinha autorização, prestava-me a contemplações várias, ouvia música e fingia que tocava guitarra (nunca passei o nível da primeira parte da nothing else matters, que vergonha) ou pedia k7's de Manowar e Iron Maiden, que levava para a escola no meu walkman, e lições de inglês, para aprender a cantar as músicas. 


Um dia a Bárbara mascarou-me de Linda Perry (lembram-se, a vocalista das 4 Non Blondes?) e deixou-me usar as tais botas pretas de atacadores. Ok, este foi o momento. A partir daqui, para enorme desgosto dos meus pais, deixei de ter medo de experimentar roupas e sair com elas à rua. 
A aventura contemplou todo o espectro indumentário lá de casa, desde a roupa punk-rock da mana e das peças da mãe, algumas compradas na Loja das Meias (desculpa, mãe) à roupa do pai (camisas largas e calças que transformei em calções, principalmente na altura em que andava de skate), passando pelas minhas próprias criações de autor, um verdadeiro horror. Figuras dignas do DON'Ts da Vice foram feitas. Mas, a boa parte disto é que foram feitas na idade certa.


Bem, to make a huge story short, num processo que abrigou várias fases, cada uma com uma perspectiva diferente sobre o que deve ser a roupa (por vezes um green card para entrar aqui ou ali, outras uma verdadeira camuflagem, outras ainda, um fardo.) a verdade é que ganhei um à-vontade imenso com as roupas e me descobri, felizmente, no meio da imensa mutação. Acabei por me envolver e laborar no meio.


Tirei algumas conclusões pessoais depois de trabalhar de perto com a indústria e o meio da moda:


1º- A moda é um meio cruel e pode ser muito espartilhante. Eu sou um espírito livre.
2º- Não retiro especial prazer em seguir tendências. 
3º- Nunca mais vou usar sapatos desconfortáveis.


Não se preocupem, não virei um tomboy do punk-rock nem uma "tiá supê caturreira", como seria de esperar por qualquer resquicío de influência maternal (bem, a minha mãe não é bem uma tia, mas enfim, sigamos). Como vos disse, encontrei-me no meio desta panóplia de estilos e acontecimentos. Tenho uma relação bastante confortável com as roupas, reparo hoje mais nos pormenores, nos detalhes, nos tecidos e materiais. Não só prefiro ter menos peças mas com melhor qualidade como também tenho t-shirts da fruit of the loom de bandas que gosto e inúmeros pares de Vans. Em jeito de conclusão neste capítulo, devo frisar que o estilo é, hands down, bem mais importante que os trapinhos. É próprio, único e intemporal. É impróprio para o desenvolvimento pessoal seguir tendências de olhos fechados. Isto é a minha opinião, não é um fashion statement, you do what you please. :)


Agora, a melhor parte. Reapresento-me e acrescento: Olá o meu nome é Ana Isabel e não percebo nada de maquilhagem.


A minha mãe quase não usa maquilhagem, a minha irmã, idém. O meu pai, de todo. 
Devo dizer que no que toca a cremes e perfumes, tenho as óptimas referências da mãe mas... e quem me ensina a homogeneizar a pele, a escolher uma base adequada, e a escolher um bom bálsamo para os lábios, um corrector de olheiras e de outras coisas importantíssimas que os meus 25 anos já não escondem, e aliás, acentuam?


Nesta sede não há aventuras para partilhar, além, claro, do erro típico da base muito clara, que me igualava à Samara do The Ring (tenho o cabelo muito escuro e os olhos pretos), e da base muito escura, que me fazia parecer uma figura de barro. Usei base a partir dos 18 anos, se não me falha a memória e usava sempre um risco nos olhos, feito com um lápis preto na parte interior das pálpebras (sim, aquele risco que te faz parecer um panda ao final do dia). 


Isto aconteceu até que percebi que tinha uma steady hand e que conseguia fazer um risco perfeito com o eyeliner de pincel. Há uns anos descobri na Make up Forever a minha base ideal, esta. Para as olheiras, o roll-on Garnier e para as maçãs do rosto um blush combinado Terracota Guerlain com um tom rosa claro da H&M. Claro que a escolha da batôns e vernizes não requer muita ciência mas tenho aprendido coisas óptimas.


Excepcionando o risco com o eyeliner e a descoberta da base, quem me ensinou e tem vindo a ensinar coisas óptimas é a Maria João e seu blog, o fabuleux


.


Descobrir tudo isto sozinha e perder tardes em lojas de cosmética seria agonizante para mim, para além de que é bem mais divertido ler os relatos das aventuras da Maria e das pessoas giríssimas que ela convida para figurarem no blog, aprender a usar melhor e pagar menos, conhecer marcas novas, relembrar produtos clássicos, e ver uma maquilhagem bonita e discreta feita passo a passo (sou uma trapalhona no que toca a sombras e afins, só me entendo com o eyeliner).


(Ok, admito que ainda não sei o que fazer com a mala cheia de maquilhagem e pinceís e pauzinhos cujos nomes desconheço, que o meu pai me ofereceu há uns anos, pelo Natal. Mas espero conseguir em breve.)


O TBR foi uma das melhores surpresas do final de 2011. 


Conhecia a Maria já há uns anos, estudámos na mesma faculdade (a Maria entretanto já é Dra. Maria) e temos imensos gostos em comum, do que sei trabalhou com o Atelier Antónia Rosa e fez uns trabalhos para a Moda Lisboa, para além de que também estava sempre giríssima e impecavelmente maquilhada (ou, se calhar, não estava maquilhada e tem uma pele óptima, não sei, o que é certo é que, para mim, o que resume uma boa maquilhagem é o facto de não se perceber que ela está lá, e nunca reparei em maquilhagem alguma na Maria). Mas desconhecia completamente o seu talento para a blogosfera. She's a natural, believe me. 


Mas bem, conheci o TBR assim: Um dia, recebi uma notificação do Facebook a convidar-me a clickar like numa página de um blog, o The Beauty Routine. Confesso que não fiquei empolgada. 
"Está certo, é mais um blog de moda", foi o que pensei. A falta de tempo não ajudava ao desengano mas acabei por ir ver o blog. Boa escrita e bons conteúdos, aliados à simplicidade gráfica e ao bom gosto... pronto, fiquei rendida. Brains + Beauty. Foi das poucas alturas em que me soube bem perceber que estava enganada.


Hoje, meses depois, não abdico da visita diária e o melhor é que o TBR extravasa em muito o tema da maquilhagem. É, sem dúvida, o melhor blog de beleza a nível nacional. Mas não vos vou dizer mais, têm que o visitar e depois venham dizer-me o que acharam, sim?


(A Maria convidou-me para responder a umas perguntas há uns meses, podem ver aqui a rubrica)


Perguntam vocês :"Então, Ana, só aos 25 anos é que aprendeste a maquilhar-te correctamente?" 
Pois é, é verdade, e porque esta será a única vez que falarei de maquilhagem aqui, eu consigo viver com isso. 




Stay Gold.

5 comentários:

Glimmer le Blonde disse...

Adorei este post Ana... e sei que a Maria também vai adorar! O TBR é para mim o melhor blog de beleza e o blog que todas nós precisávamos ter nas nossas vidas... já aprendi tanto tanto com ela e o melhor foi mesmo a amizade que nos uniu! :)

Ainda bem que voltaste! *

Ana Rodrigues Bidarra disse...

Oh. Juro que enrubesci.

Faço minhas as tuas palavras, o TBR foi a resposta às minhas preces. A Maria é amorosa, gosto muito dela e tenho imensa pena de não ter mais tempo para combinarmos coisas boas.

Muito obrigada pelo support!

Beijo*

Maria disse...

Ana, não vou conseguir dizer o quanto gostei de ler este post. Estava a adorar e a soltar gargalhadas de 10 em 10 segundos, aproximadamente, até que, depois de passar a "mãe" e a "mana", cheguei à parte da "maria"..... e aí o coração bateu mesmo mais forte. Só não chorei porque gastei as lágrimas todas há bocado com o grey's anatomy. true story.

Obrigada pela história, pelos elogios e bom, por tudo.

(Vou imprimir este post e dormir com ele esta noite <3)

Vanessa disse...

Ana fizeste um óptimo post. Acho que no meio de tanta futilidade que existe hoje em dia, as pessoas até tem vergonha de dizer que nao percebem de maquilhagem, ou de moda, acho muito bem admitires isso. E verdade, tenho a hipótese de estar a conhecer a Maria e só lhe posso dar elogios, além do maravilhoso blog que tem! Beijinhos

Ana Rodrigues Bidarra disse...

Obrigada! <3